Domingo à noite.

Não sei se já sentiu isso, mas sabe àquela sensação esquisita que vem ao final de cada domingo? Um tipo de vazio sem razão, motivado por qualquer coisa, melancólico e que só passa na segunda de manhã? Pois é, eis que mais uma vez ele me traz até aqui.

É interessante notar o quanto pode ser subjetiva essa percepção, até quando eu mesmo sou o referencial. Todo domingo me pego vivendo esse sentimento agridoce. Tem períodos que vem embalado por uma percepção saudosista, outros chega travestido de solidão, ou as vezes, o que traz é a sensação de tudo estar fora do lugar.

Quando olho para trás percebo o quanto algumas coisa mudaram, em contra partida  outras só trocam de roupa. Quando mais novo também sentia assim nas derradeiras horas do domingo, ou primeiras da segunda. O motivo, como já disse, variava, mas seguia firme. Teve a época de escola, rodeado de familiares e amigos, então veio a faculdade, com menos amigos e nenhum familiar, e os problemas da vida “adulta”. Então teve o trabalho, árduo. Depois veio outra graduação, estágio, novas percepções e uma disposição mais bem trabalhada. As coisas sempre mudaram, algumas vezes em excesso, mas o domingo sempre foi igual.

Quem sabe o que isso pode significar?  Talvez seja somente uma forma de me sentir mais humano, ou de me destruir um pouco mais depressa. Seja como for, amanhã tudo vai ter passado e o corre continua.

 

A leitura faz mais sentido se ouvir isto.

 

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Sábado é dia de beber em casa

Já tem cerca de uma hora que estou aqui, curtindo a mim mesmo, conversando com meu irmão e fazendo o título desse texto valer.

Depois que saí de casa as coisas mudaram bastante, descobri que preciso ser feliz sozinho antes de tentar fazer outra pessoa feliz e esse tipo de coisa só veio depois de muito bater a cabeça.

O período que sucedeu minha saída do antro familiar, 2013, foi realmente bem desesperador, afinal era tudo novo, cidade, ‘amizades’, impulsos, vontades e problemas. O problema é que estava acostumado a resolver meus problemas sob uma metodologia específica, que certamente não se aplicava mais aos desafios daquela nova fase.

Depois de mudar de curso umas duas vezes – partindo para a terceira – um graduação e ao menos quatro cidades, em cerca de cinco anos percebi que tudo se foi, exceto eu mesmo. É como se a única constante em minha vida fosse eu mesmo, e por mais óbvio que pareça, é a única verdade.

Estou papeando com meu irmão a respeito e chega a ser engraçado ver ele passando por situações parecidas com as que vivi. Poxa, bate um filme na cabeça, seguido de uma reflexão até chegar ao presente. Pois bem, sei que ele vai conseguir, afinal é muito mais capaz do que eu.

Solidão é barra, mas não é o fim, sempre vai ter uma música boa, uma bebida barata e um pedaço de embutido pra te fazer companhia, acredite.

 

Se teu rolê for mais um rockzin, toma essa playlist então:

 

Cara, confesso que não vejo a hora de ver minha irmã, muito mais nova que eu e meu irmão, se virar sob as mesas condições que eu e ele vivemos.

Amanhece e despejo aqui tudo que penso.

Não espere muito sentido no texto a seguir.

Recentemente esse espaço completou um ano de existência. Nesse meio tempo tanta coisa interessante aconteceu, morei em lugares diferentes, passei muitas noites pensando em minha vida, remoendo minhas escolhas, ouvindo os outros e me omitindo de todas as discussões possíveis.

Estava lendo a saga clássica de Dragon Ball até poucos minutos atrás, e também ando jogando Dragon Quest XI, que tem arte do Akira, e sei lá, me sinto transportado ao passado quando consumo esse tipo de conteúdo, é reconfortante em um nível bem bom. Lembro quando era mais novo e passava as noites lendo e relendo meus poucos volumes de DGB, rindo da arte exagerada e histórias descompromissadas da obra, em um tempo que a primeira tiragem da série foi feita em um papel tipo A4, muito diferente do papel de mangá que vemos hoje em dia, que é tão fino e delicado quanto o possível.

Na última conversa que tive com meus pais, estávamos falando a respeito da saudade e de histórias de um passado não tão distante. Lembrei das vezes que minha irmã caçula dava piti quando eu recolhia os brinquedos dela e da vez que meu irmão mais novo me jogou uma cadeira na cara, claro, colocando assim parece que eu sofria bastante, mas nem tanto, na verdade eu era bem chato e sempre implicava com eles.

Velho, tem seis anos que terminei a escola – estava pensando a respeito antes de ontem – e me assusta bastante a idéias de estar vivendo uma fase que nunca imaginei, e que logo logo vou entrar na faixa etária que meus pais tinham quando eu era pequeno. Em 2024 eu vou fazer 30 anos e por mais que pareça bobo, me assusta muito. Assumindo que irei durar até lá, claro. Me recordo dos meus 13, quando não me imaginava em meus 18, e que por sua vez sentia uma angustia muito grande a respeito do que estava por vir e não imaginava os meus 24 e tem o hoje, que do ‘alto’ de meus 24, ainda me sinto com 13, vivendo os anseios dos 18 e mais decepcionado do que nunca comigo mesmo, imaginando o que vão ser dos meus 30.

Eu odeio amanhecer tão cedo aqui onde moro. É isso, melhor eu ir adiantar o meu corre.

 

(ouve essa música com calma)

Sono x Medos x Vacina x Gibeira

Meus olhos estão ardendo muito. Prometi a mim mesmo que iria dormir cedo e retomar algumas atividades bem importantes – doce ilusão – cá estou, 04:23 no auge de uma crise de ansiedade, cultivando minhas incertezas. Só Deus sabe como vai ser amanhã.

Tinha muito tempo que não escrevia para mim mesmo, apesar de saber que me faz bem, nos últimos tempos as circunstâncias me fizeram mais fechado e tem sido difícil sem uma forma de canalizar essa energia. Sabe, quanto mais o tempo passa, parece que entendo um pouco melhor o ‘porque’ dos vícios alheios, se drogar é como uma necessidade para quem quer aguentar o dia-a-dia, e entenda se drogar de forma ampla, conheço alguns que trabalham até o corpo cair de puro cansaço todo dia, outros se apegam a igreja, academia, bebidas, cigarro, comida e qualquer tipo de atividade que te desprenda da realidade.

Bolsonaro tá aí, né? Fico me perguntando como as coisas chegaram a esse ponto. É, eu mudo de assunto repentinamente, mas é assim que minha cabeça funciona, sempre tem um impulso novo – inclusive eu devia parar de me explicar tanto – continuando, dias atrás vi um vídeo bem interessante onde o sujeito traçava um paralelo entre posicionar-se contra a vacinação e o facismo – sinto-me chique usando termos que meu professor de história usava e me pareciam distantes da realidade – e nesse vídeo era abordada a total histeria que se formou na população a respeito da não vacinação.

Em resumo, posicionar-se contra a imunização tem a ver com meias verdades e distanciamento do verdadeiro mal. O primeiro são os fakenews, onde “fulano passou mal/ morreu por conta da vacina” e o segundo diz respeito a não ter mais contato com a doença. É até normal sentir algum efeito colateral após a vacinação, mas nada que se compare com os malefícios da doença em si, ou você quer comparar um ponto dolorido de seu braço com uma infeção tetânica? Ou uma febre leve com a varíola? Isso porque são efeitos adversos em cima de grupos extremamente específicos, em casos isolados. E finalmente a parte em que queria chegar. Aparentemente isso está acontecendo na política. Quando afastado o suficiente, chega a se ouvir “revolução democrática de 64” e tratam com naturalidade, ou seja, a ‘doença’ se tornou desconhecida e um efeito colateral está sendo tratado como sendo pior do que o mal em si.

Ah, é complicado ficar impondo regra, mas prefiro ficar do lado de cá, o jeito vai ser dançar conforme a música e torcer por dias melhores.

 

 

ps: voltei?

 

Escrito ao som de:

Hoje

nesse momento respiro fundo e sento, como quem acabara de ter uma epifania.

Em uma nova situação, estou em uma velha cidade e levando as coisas sob um ponto de vista nunca vivenciado.

Aqueles que estão ao meu lado ainda são os mesmos de sempre, porém a distancia entre nós mudou.

Seja como for, a viagem ainda está aqui, presente.

 

 

tchau.

É fácil acostumar com o que é bom; e ruim.

Como sempre demorei para escrever, e, as pautas  acumularam dentro do peito. Resultado disso é que agora os sentimentos se confundem com os movimentos dos dedos e a cabeça a mil.

Abri o editor de textos dessa plataforma em meio a muitas dúvidas, e, no epicentro de uma crise financeiro existencial, envolvendo minha vida, amigos e os olhares daqueles que tangem minhas escolhas, enquanto toca uma bandinha ali na aba do YouTube.

Tenho pra mim que venho de um contexto em onde o emergencialismo norteia todas as minhas decisões, o que é bem ruim, para o meu azar, afinal o único lugar em que alguém toma boas decisões de forma repentina é nos filmes mais melosos, e como depois dos 18 se descobre que ninguém é um personagem de comédia romântica, já vivo as angústias das decisões erradas.

Antes de dormir sempre me pergunto de onde veio esse tipo de impulso imediatista auto-sabotador, incrivelmente emocional e de nenhuma esperteza. Talvez seja por conta de pertencer a última geração que viveu sem a angústia da avalanche de informações que a internet traz, junto da minha criação em um núcleo urbano (o termo mais deprimente que existe para bairro), de cinco mil habitantes, no meio da floresta e sob o braço firme de uma potência do capital. Junto das promessas de que a meritocracia realmente norteia a sociedade, sendo minimamente justa e colocando todos em pé de uma igualdade embaçada.

Caros, qual o passe de mágica ou substância esclarecedora que vocês utilizam para aguentar essa realidade que compartilhamos? Sinceramente, existem momentos em que até o mais simples movimento se torna pesado e esquisito ao restante do contexto. Ultimamente tem sido fácil se acostumar com o que é bom, e mesmo com o que é péssimo, pelo simples fato de parecer menos doloroso não mexer naquela ferida em que o mundo inteiro faz questão de cutucar todos os dias e a todos os momentos.

Às vezes ainda preciso ouvir insinuações de que não me esforço o suficiente para resolver minhas próprias pendências. As pessoas não entendem que estou perdendo como o verdadeiro campeão que acredito ser. Afinal não existe razão para continuar me ferindo, tendo em vista que todo e qualquer aspecto de minha vida já faz isso de forma tão habilidosa.

Não perca seu tempo lendo isso como um simples lamento, mas sim como uma forma de falar comigo mesmo, afinal pretendo revisitar esse texto daqui a um certo tempo e fazer um balanço do quanto as coisas mudaram.

Até lá, esperem mais lamentos, situações constrangedoras e tragicômicas, narradas por esse que vos fala.

 

distanciamento.

Tem um tempo que venho me sentindo um pouco esquisito e há poucos minutos um amigo perguntou “está achando esquisito estar bem?” (rindo de nervoso), e fiquei me perguntando o porquê de sentir esse comichão esquisito em meus pensamentos, afinal as coisas estão bem, dentro do possível.

Claro, estar bem ou não é um questão de ponto de vista, e no fundo esse relato é sobre isso, mas gosto de tratar tudo como uma espécie de análise do distanciamento. Ao conversar com I. sobre esse texto e a idéias por trás dele, percebi o quando a distância se desdobrou em uma companheira fiel, querendo ou não.

Imagine um tabuleiro, como o de xadrez mesmo, e ali no meio existe um peão sozinho, vendo a sua frente os objetivos e a sua origem atrás, bem como os companheiros, os quais alguns irão trilhar um caminho parecido com o do peão, mas outros simplesmente escolhem outra rota, afinal o jogo é assim. Eventualmente vão se cruzar, mas no fim cada um toma uma rota e um destino. Inclua nessa análise torta a ideia da tomada de decisão, que por vezes é feita sob perspectiva e outras por puro oportunismo.

O ponto é que no fim das contas me vejo entre o antes e o depois, o que um dia fui e o que estou prestes a me tornar, levando comigo a esperança da inconstância, mas também o medo dela, afinal nada está tão ruim que não possa piorar, né?

No final das contas eu também não posso reclamar demais, afinal ainda tenho quem me de suporte, mesmo que poucos, bem como esse espaço para relatar aos que tenham paciência para ler, e às vezes consigo até um lugar para sentar no metrô durante o horário de pico.

É, poderia ser pior.

 

 

Escrito ao som de:

Brisa, mine e teimosia.

Diferente de muitos outros dias, hoje me sinto bem.

Já é corriqueiro começar um texto com esse dizer, mas ‘desde a última vez que vim a esse pequeno espaço, as coisas mudaram tanto’. Também pudera, não é a toa que mudei tanto nos últimos anos, sabe. Sinto uma especie de inquietude muito grande quando olho pra dentro do meu ser e me divido por camadas. Profissional, amorosa, social, física, regional…

Nos últimos tempos uma pessoa entrou em minha vida e acabou me fazendo sentir totalmente pleno com a camada amorosa que me faz parte de mim.

Sabe qual o mais irônico? ‘I.’ Aquela pequena é muito cabeça dura! Acreditam que ela está emburrada porque me recusei a fazer o que mandava? Hahaha adoro essas nossas briguinhas bobas, e sei que ela também gosta.

Quando enviar isso aqui pra ela mesma revisar, certamente vai começar a rir, afinal conheço bem a namorada que tenho. “E não meu amor, esse não é aquele texto enaltecendo todo seu esplendor, que me coagiu a fazer”.

Tem uma brisa tão gostosa entrando pela fresta da janela atrás de mim, lá fora o vizinho ouve um funk bem caricato, aqui dentro ouço “Mine – Bazzi”, e por mais que tenha se transformado em um meme sonoro, gosto bastante da batidinha e fluxo que essa música traz consigo.

(celular vibra)

Mensagem de I. retrucando o porque de ainda não ter feito o que ela mandou.

Respondo que estou escrevendo de bom grado e ouvindo música.

Ainda assim ela bate o pé.

Minha teimosa é uma peça.

Ah, vocês sabem que certamente vou sumir por um bom tempo, mas eventualmente acabarei aparecendo por aqui, até lá, vamos seguindo.

Ah, troquei de emprego e área de atuação, mas isso é conversa pra uma dia que eu estiver triste, por enquanto quero aproveitar a namorada que tenho e nossas brigas de mentirinha que me fazem rir pra caramba.

I, você me da forças.

 

Volto depois que me encontrar

Deve ser o terceiro rascunho que salvo e não dá em nada. Bem, não to com cabeça para escrever poesia ou algo mais profundo, sendo assim, estamos conversados.

Ultimamente tenho escrito em páginas que não deveriam existir. Apesar disso, me pergunto qual vai ser o próximo grande esquema em que vou me meter até o pescoço.

Não faz 10 minutos que I. me disse para não ser revoltado, e escrevo isso com um sorriso tão grande nos lábios, afinal sinto uma vontade imensa de gritar e espernear. É engraçado como algumas pessoas conseguem transmitir uma calma tão grande.

Ah, melhor encerrar esse texto por aqui, o café já não tem o mesmo gosto e I. está um tanto quanto inquieta, chamando em mais de uma rede social. Amo essa pequena.

Tchau, vou tentar não sumir totalmente.

Escrito ao som de:

O fim de tarde, café e bolo queimado.

Nos últimos tempos tenho frequentado muitas cafeterias aqui em SP, tanto que pensei em montar um blog somente à respeito, mas tendo em vista que mal levo esse aqui, deixei a idéia meio de lado.

O mais legal em frequentar esses ambientes, passa justamente pela ideia de conforto e intimismo. Sempre fui muito fechado, famigerado esquisito, na boca dos familiares. Então me sinto em casa nesses lugares calmos e cheio de bebidas que esquentam o peito, independente da temperatura.

Gosto muito do “boom” que rolou com o café nos últimos dois ou três anos, métodos de extração, cuidados, grãos, apetrechos e a expansão da cultura de forma geral. Para o afegão médio o que mais importa são os grãos e métodos, mas em meu caso o interesse está no ritual, logo medir a temperatura, espessura da moagem, torra, tipo de grão, cuidados já hora da extração e tempo de infusão prendem muito a minha atenção.

Outro aspecto bem interessante passa justamente pela ideia de valorizar o produtor, principalmente aquele que produz pouco, mas com alta qualidade. Talvez esse interesse venha por conta de meu pai, que tem fazenda e se dedica incessantemente àquele lugar. Então é como se assuntos relacionados ao campo me transportassem para perto dele. Não sou nenhum especialista do mercado de café para analisar o efeito que a expansão da cultura de cafés especiais tem influenciado a vida dos pequenos produtores, mas venhamos e convenhamos, de forma geral esse movimento trouxe bons frutos para quem se dedica a cultura do grão.

Frequento uma cafeteria que possui um cheiro muito característico. Revirando minhas memórias afetivas cheguei a conclusão que é cheiro de massa muito chocolatuda, levemente queimada, tipo aquela das bordas da forma, especialmente nos cantos e que tem um cheiro maravilhoso. Quando morava com meus pais, esse era o cheiro que o bolo mesclado de minha mãe soltava no ar. Sempre por volta das 17hs, acompanhado de uma garrafa de café, à luz do sol que alcançava a mesa do fundo de casa.

Música Indie, atendentes e baristas ostentando suas tattoos, sofás aconchegantes, meia iluminação, xícaras divertidas, pinturas naa paredes, minimalismo, doces ruins, máquinas de expresso que parecem um Transformer, ruído de bicos vaporizadores, prateleiras com jarras da hario, filtros e afins, expressos tônica, expressos, ristrettos, coados, chemex, aeropress, sifão, café da casa, mesas comunitárias e etc.

Enfim, vou terminar meu ventura e me vou.