Meu querido castelo

O relógio marca 06:06. Lembro de um tempo em que meus amigos e eu atribuíamos significados para horários de números repetidos. Chega a ser engraçado lembrar do que passou, afinal me sinto enclausurado no passado, tentando fugir para um futuro que me empurra para trás.

Hoje o meu castelo de papel foi atingido por uma forte chuva de frustração, o que me faz imaginar se não seria o caso de dar um ou três passos para trás. Observo as marcas em minhas mãos e parte de mim admite derrota. “Porque continuar com esse orgulho?” perguntaram-me hoje.

Não é orgulho, mas também é.

É difícil explicar, mas acredito que existe uma vontade profunda em se fazer o bem para aqueles que gostamos/admiramos, sendo assim, posso dizer que parte daí a minha persistência. É vontade de sorrir, meu amigo.

Ultimamente venho notado que demoro cada vez mais para dar o primeiro sorriso do dia e, as vezes, esse permanece escondido por mais de vinte/ trinta e tantas horas. Triste, porém necessário? Ainda não tenho essa resposta.

S, F, I, R, V, estou tentando.

J, D, G, as coisas andam meio turvas, é difícil não se deixar abater.

06:22 e continuo ouvindo músicas de jogos que nunca joguei, mas que representam muito bem o refúgio que um dia chamei de meu. Daquela caixa de sapatos cheia de fitas, aquelas 14”, controles japoneses.

Ontem vieram me perguntar, de um jeito bem estranho, como resolvo meus problemas, e isso me deu uma dor de cabeça. Bem, as cobranças continuam e querendo ou não preciso lidar, ou ao menos tentar. O remédio é muito mais amargo do que eu havia imaginado, talvez devesse ter me preparado de forma melhor.

O amanhã, que tecnicamente já é hoje, me aguarda voraz. Tenho que ir, ouvido?

 

 

 

06:50, tchau.

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Bee Gees, chuva e a marola alheia.

Choveu o dia inteiro aqui na cidade sem amor e logo no meu dia de folga.

Bem, acabei dormindo até bem mais tarde do que deveria, mas consegui sair a tempo de resolver minhas pendências mais urgentes, como banco, contas e etc. I. me lembrou que agora sou adulto e tenho que lidar com isso.

Passei o dia pensando em uma cafeteria que estava afim de conhecer durante esse dia de pseudo descanso. Acabei levando chuva por umas boas horas enquanto desenrolava o meu rolê, para no final de tudo o mirante da 9 de julho estar fechado. Que vacilo! Pra completar fiquei preso por um tempo de baixo do MASP, enquanto esperava a chuva acalmar.

Findou que chamei um carro naquele famoso app de viagens e acabei indo para o meu “plano b” do café. Daí que veio a vontade de escrever. O dia estava meio bosta, mas cheguei aqui, sentei do lado de fora, afinal estava muito cheio na parte interna e me pus a observar o movimento da rua e pedir cafezinhos.

Enquanto tomava café e observava as pessoas passarem, bem como uma senhora interiorana, um colega mandou uma versão incompleta de um cover de Tragedy, do Bee Gees, e pediu minha opinião. Confesso que adoro essa música, mas nunca parei pra analisar ela de forma fria. Eis que chegamos a conclusão de que provavelmente a única coisa que faltava para ficar perfeito era o vocal rasgado do refrão e pré refrão. Estou muito ansioso para ver a versão definitiva G. ainda mais se você conseguir elaborar aquela arte para ser o visual.

Debruçado sob o celular, discutindo Bee Gees, tomando café e vendo as pessoas, comecei a perceber um cheiro peculiar no ar. Era aquela marola característica de um belo finicólico sendo carbonizado. Não sei a quanto tempo estava recebendo esse tipo de influência, mas nesse momento estou me sentindo um pouco engraçado, afinal não sou acostumado com essas coisas. Talvez seja o excesso de cafeína ou qualquer outra coisa, mas que estou me sentindo engraçado, isso estou.

I. está dizendo para eu postar uma foto da face no instagram, porque segundo ela, o equilíbrio entre fotos de comida e de meu rosto, está desproporcional. O fato é que não sei como tirar fotos do rosto, admito.

Tô pensando se pego ao quarto café ou se daqui me vou. Pois bem, até mais.

Introspecção

Domingo à noite, já sinto a melancolia à espreita.

Domingo, final de tarde, xícara com café em punhos e já começo a sentir aquela melancolia tomar conta do meu ser. Confesso que esse espaço só existe por conta desse sentimento contraditório, que vem como onda e subverte todo meu ser, deixando um gosto agridoce no paladar. Ou seria esse café com mel que estou tomando?

Bom, confesso que esse último suspiro do final de semana está sendo um tanto quanto prazeroso, apesar dos acontecidos (vide post anterior). 

Estava conversando com I. e em meio a nossa discussão, ela veio perguntar porque os derradeiros momentos do final de semana eram tão contraditórios. Não sei para vocês, mas para minha pessoa, sinto como se estivesse em meio a uma disputa, onde a anunciação da nova semana lutasse contra o ferido e experiente final de semana, onde a vitória seria recompensada com meu amor. Geralmente o nobre cavaleiro semanal vence e me faz ficar de molho em casa, recuperando forças para o que me espera no dia seguinte, mas vez ou outra, o experiente final de semana vence e me faz aventurar em alguma última farra, como quem se despede de um grande amigo. 

Sabe, quanto mais envelheço, mais nítida essa luta se torna.

Esse papo está bem abstrato mas imagino que não seja de impossível compreensão. Quando for mais tarde, certamente a melancolia irá se abater sobre esse que vos fala, aí elaboro um post mais leve, certamente cheio de memes, para finalizar essa domingueira.

(Blogar através do celular é muito ruim)

Escrito ao som de: Lazerhawk – So Far Away

80s

Se você passa parte do seu tempo explorando a internet, mesmo que apenas através do feed do Facebook, certamente já se deparou com alguma referencia aos anos 80. Bom, dissecar esse tema renderia um verdadeiro artigo cientifico, ao qual nenhum de nós teria tempo, muito menos ânimo para ler, sendo assim vou me ater principalmente a música, vertente que mais me atrai.

Para melhor compreensão faremos um breve resumo do tema. Na época em questão houveram significativos avanços no que diz respeito à musica eletrônica, principalmente por conta da popularização dos computadores pessoais, avanço nos equipamentos de estúdio, como samplers e sintetizadores, e movimentos culturais de forte expressão ao redor do globo.

No contexto atual movimentos como Synthwave, Vaporwave, Lo-fi e artistas como Daft Punk, Kavinsky, Justice, Perturbator, M.O.O.N., Lazerhawk, Miami Nights e tantos outros impulsionados pela internet, são responsáveis por trazer a tona toda a potencia musical que essa década gerou, fazendo leituras do contexto atual por meio da ótica referente a essa década.

Inspirações, referências, visitas, chame como quiser, mas a verdade é que nos últimos anos temos observado uma crescente popularização de aspectos ligados aquela época, que vão muito além da música; artes visuais, jogos, filmes, animações e todo tipo de conteúdo que atualmente se faz popular na rede, possui uma pitada do pó de pirlimpimpim by 80s.

 

Escrito ao som de: Daft Punk – Giorgio by Moroder (Official Audio)

Link: https://youtu.be/zhl-Cs1-sG4