2017 + 1

2017 bateu com força pra caramba, espero que 2018 venha menos afoito.

Estava aqui, curtindo a preguiça no condado de meu q’uarto quando um colega veio perguntar sobre minhas resoluções para esse ano que se iniciou, bem como um apanhado dos principais pontos de virada desse ano maldito que se passou. Não sabia ao certo o que fazer, mas enquanto editava a Provinciana acabou aflorando uma certa vontade de falar através dos dedos, então eis que estou aqui, sentado em frente ao PC, pensando no rolezão que foi esse ano, enquanto Redbone toca ao fundo.

Não pretendo ser muito extenso, mas vale salientar o quanto comecei 2017 apreensivo, afinal estava voltando para a casa dos meus pais, no Pará, depois de quatro anos morando longe, no Rio Grande do Norte, e com um diploma de baixo do braço, mesmo que não fosse o que havia prometido conquistar durante a primeira despedida. Não sabia para onde correr ou mesmo o que fazer, afinal emprego está difícil, e eu não tinha grandes experiencias ou mesmo coragem suficiente para aceitar qualquer desafio de peito aberto, foco em “peito aberto”.

Em abril, depois de uma decisão tomada as pressas, decidi me mudar para o Distrito Federal. Fui morar com uma tia, mas logo arrumei meu próprio canto. Entre altos e baixos fiquei naquele lugar até o inicio de agosto. Posso resumir minha experiencia no DF em algumas palavras: ansiedade, descobertas, frustração e violência urbana. Vale ressaltar algumas outros por menores: arrumei emprego depois de cinco dias que cheguei a cidade, tive um chefe muito temperamental, relações familiares são difíceis e café com cozinha no final da tarde é uma ótima combinação.

Seguindo, em agosto me mudei a trabalho para o interior de Minas Gerais, e lá fiquei até o início de novembro. Analisando friamente foi o período mais sossegado desse ano, porém outros fatores que não eram o profissional estavam me enlouquecendo. Naquele lugar desenvolvi minha ansiedade de uma forma absurda, tanto que em algumas ocasiões as crises me deixavam com taquicardia e hiperventilação. Foi no cenário mais lindo que sofri os maiores danos pessoais. Bem, nesse período descobri a beleza de algumas cervejas e cafés daquela terra, além de queijos e doces maravilhosos. Foi engraçado ver uma cidade tão pequena e ao mesmo tempo tão rica e segura.

Novembro me trouxe a São Paulo, cidade da qual envio esse texto. No inicio do ano eu queria ter vindo a SP logo de cara, afinal eram daqui as empresas que sempre sonhei em trabalhar, entretanto precisou de uma verdadeira jornada para chegar a essas terras. O importante é que hoje trabalho em uma grande empresa e que até hoje engulo o choro quando levo esporro. Por aqui a comida é bem boa se souber onde procurar, e as pessoas tem um temperamento bem esquisito, ao qual acompanha uma facilidade para xingamentos. Nunca estive perto de tantas pessoas, mas ainda assim aqui é o lugar onde me sinto mais só. As crises de ansiedade vem com muita força dependendo dos acontecimentos e as dificuldades também são proporcionais ao tamanho dessa cidade, entretanto existe um certo encantamento nessas ruas, cafeterias e sotaque engraçado. Por enquanto eu vou segurado a barra.

Mesmo depois de tudo que já vivi durante esse ano, ou os outros quatro que morei no RN, ainda sinto muita saudades das coisas mais banais daquele lugar que chamo de casa. As vezes mudar tanto de cidades cria um certo desprendimento que dá a impressão que estamos ‘largados’ pelo mundo, o que não me faz muito bem.

Para 2018 eu não sei ao certo o que quero, até porque não acredito muito nessas resoluções, afinal para a maior parte das pessoas a vontade de faze-las cumprir se perde depois da segunda semana de janeiro. Em meu caso eu só queria um pouco de tranquilidade. Morar em uma só cidade, deixar a cabeça menos preocupada e ansiosa, trabalhar e parar de gerar preocupação para aqueles que se importam comigo.

Pois é, vamo aí.

 

Escrito ao som de:

 

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Melancias

Você é como uma daquelas F1000, que vai abarrotada de melancia do interior até a feira.

Lopes, J.

Todas as noites chego em casa: inicio da madrugada, corpo doendo, moral baixa e cabeça fresca. Tomo banho, faço um chá, Earl Grey, meu preferido, pego algo para beliscar e ali enveredo madrugada a dentro, debulhando tudo que vivi nas últimas horas e como devo proceder daquele momento em diante.

O problema desse tipo de rotina é que se abre muito espaço para pensar e sentir, enquanto a parte do ‘viver’ em si, fica um tanto quanto apagada, e acaba sendo adiada para os dias de folga. No meu caso ‘o’ dia de folga.

O viver do dia a dia dói de mais.

A vida durante a ‘semana’ tem muito a ver com deixar de viver. Colocar tudo de lado e simplesmente agir de forma robótica, rápida e eficiente.  Um amigo disse “pense em nossos pais, no quanto eles se dedicaram, lutaram e tiveram que superar os próprios desafios em prol da própria sobrevivência, fugir da real possibilidade da fome. Hoje, você, eu e tantos outros, não temos essas preocupações, não estamos lutando para fugir da fome, ou desamparo, estamos atrás de satisfação por meio da consciência que carregamos”. E completou “imagine nossos pais, sentados em um psicólogo, fazendo o exercício mental de imaginar o quanto aproveitaram a vida e se sentiram pessoalmente realizados. Seria a coisa mais deprimente do mundo”.

Levar as coisas de forma consciente não é fácil e muitas vezes se torna algo doloroso, afinal fica mais difícil não sentir o real peso dos desafios, é como se nada fosse relevado, porém ainda acho que é a forma certa de se levar a vida. É como uma evolução, sabe.

O que me faz voltar ao inicio do texto, àquela parte de ser uma caminhonete que faz transporte improvisado. Veja, cada um de nós carrega um peso, onde dependendo da fase da vida que esteja passando, essa carga é de mais e deixa os eixos tortos, fazendo a viagem mais demorada e penosa. Dá para aguentar, mas tudo fica mais difícil. As vezes algo quebra por conta do esforço, mas não dá pra ficar parado. Ontem eu quebrei, e hoje precisava estar operando, levando minhas melancias. A solução para evitar situações como essa é reforçar os eixos, e para isso cada um lança mão de uma série de medidas.

Geralmente todas as precauções passam por ao menos um desses dois pontos: “amparo” ou “vontade”. Onde muitos buscam forças por meio do amparo na fé, crença ou código moral, e outros se veem tirando forças das próprias vontades, ambições e metas. Particularmente sou um sujeito mais apegado ao segundo tipo de fortalecimento, fazendo disso minha luz particular, que me guia e dá forças para suportar os desafios e roubadas que me meto.

Todos possuem algo que serve de combustível ou blindagem para seguir em frente, eu, você, o amigo que me ajudou ontem, ao qual dedico esse texto, e até mesmo o seu Adamastor, que está ao volante da F1000, todos tem uma luz guia. Entretanto o mais importante é ressaltar que as luzes são trocadas constantemente, até o dia em que se encontra uma que nunca vai apagar.

 

Obrigado J.

 

Escrito ao som de:

Cheiro de pizza, cerveja e a angustia.

Sinto uma espécie de comichão no peito e na cabeça, sinal que preciso escrever um pouco.

Confesso que está um final de tarda maravilhoso, posterior a uma tarde ensolarada e muito bonita aqui em Pinheiros, toca jazz ao fundo e minha cerveja acaba de levar o último gole. 

Não sinto vontade alguma de ir para casa, sabe. Lá é muito monótono e tem sido especialmente entristecedor nos últimos dias, o que chega a ser bem esquisito, dado a forma que enxergo o mundo. Talvez minha visão esteja ficando esverdeada e com marcas d’água.

Esse ano tem sido extremamente inconstante, com mais reviravoltas que novela mexicana. Não que eu esteja me fazendo de vítima, tenho completa noção de meus vacilos. Mas nem em meus maiores sonhos/pesadelos teria imaginado um desenrolar tão intenso. O mais curioso é que mesmo diante de bons presságios, me sinto um tanto quanto paralisado, com medo do ontem virar hoje, sabe.

Não dá pra viver com medo de ir pra frente, eu sei, também não quero dar um seminário motivacional a ninguém, então melhor deixar isso pra lá. Correndo o risco de ser muito repentino, acabou de bater uma puta vontade de escrever sobre café! (rindo). Bom, depois voltamos a conversar.

Acho que preciso de amigos que morem, ao menos, na mesma cidade que eu.

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Escrito ao som: dos carros passando na rua e da música ambiente da Braz Elétrica.

Pensamentos de uma magrudaga: ensaio para o que está por vir?

Esta tem sido uma noite bem agitada, não no sentido físico, mas sim no emocional da coisa.

Enquanto boa parte dos que me rodeiam no círculo das redes sociais estão levandando ao limite o termo sextou, não saí do aconchego de meu quarto, porém se engana caso pense que tive uma noite morna e sem sal. O que quero dizer, é que em meio a essa madrugada, minha vida foi ensaiando o próximo ato.

Entre conversar com amigos, familiares e namorada, atividades não muito profundas e aulas de filosofia em formato pocket, me sinto mais preparado para o que está por vir. 

Conversando com G., um grande amigo, foi levantada a idéia de que “a calmaria se torna esquisita, quando o caos e desordem são a base da normalidade”, e por mais óbvio que pareça, esse estralo representa muito bem o que vivo hoje. Não me sinto à vontade em largar meus problemas atuais, por mais nocivos que sejam, para me agarrar a esperança de uma nova situação. Confuso? É, eu sei.

Olhar para dentro de si mesmo e encontrar as ferramentas para interpretar o contexto em que está inserido, de fato é muito satisfatório, mesmo quando a resolução do conflito se mostra uma desanimadora.

Minha vida inteira se tratou de um ensaio para o momento que vivo hoje, entretanto me sinto tão preparado quanto um recruta que é mandado para a guerra sem treinamento algum.  O mais engraçado é que não importa a situação e o treinamento, nunca consegui encarar de frente o que me era imposto, passar por cima dos problemas como se não fossem grande coisa.

Veja nossos pais, os meus, os seus, certamente quando éramos mais novos e olhavamos para eles resolvendo todo tipo de problemas e impasses com tanta naturalidade, pensávamos que estava tudo sob controle, afinal eles eram como verdadeiros super-heróis que dormiam no quarto ao lado, mas conforme o tempo passa e começamos a mudar nossa ótica de mundo, passamos para o outro lado da situação, o de quem precisa resolver problemas espinhosos sem perder o rebolado. É cômico pensar que nossos pais já estiveram tão perdidos quanto nós!

Dentro de meu peito existe essa salada de sentimentos, a qual esse texto representa um mero adereço em todo o plano, mas acreditem, faz sentido para quem escreve. Lidar com variáveis que fogem totalmente do meu controle, e com verdadeiras provas de caráter, tem sido minha rotina nos últimos tempos, mas acredito que dias melhores estão por vir. Apesar de parecer um clichê de filme romântico.

Peço desculpas por todo esse nó 🙂

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Escrito ao som de: Kendrick Lamar – Alright

Amizade

Ouvir áudio em grupo de aplicativos de mensagens é uma tarefa para a qual não tenho a mínima aptidão!

Estava aqui, nessa madrugada de sexta feira assistindo a mais uma série de gosto duvidoso, dessa vez é a mais nova temporada de The 100, e eis que recebo dois tímidos áudios em um grupo daquele aplicativo de mensagens, o verde. Basicamente ignorei, afinal sou muito inquieto para áudios, ainda mais de longa duração, cerca de um minuto cada um, e acabei só fui dar a devida atenção quando um outro amigo respondeu em baixo. Fiquei curioso e fui ouvi-los.

Fazia muito tempo que não sentia uma angústia tão forte, afinal aqueles dois áudios sintetizavam a relação de amizade que existe entre minha pessoa e meus amigos de escola.

Eu e meus amigos mais próximos não chegamos a estudar todos juntos, existe até uma certa janela de idade entre nós, mas de certa forma nos aglutinamos com uma liga mais forte do que o convívio em sala de aula pode gerar. Nunca fui um cara fácil de socializar, quando mais novo me falavam que isso se devia a cara fechada que eu adorava trajar, e quando envelheci um pouco mais e saí de casa, essa dificuldade persistirá por os mais variados motivos.

Ao longo de minha vida fiz três cursos, em duas faculdades diferentes, arrumei inúmeros empregos e estágios, morei em quatro das cinco regiões do país, mas ainda assim só consegui cultivar poucas amizades realmente duradouras, essas que faço questão de zelar com o devido cuidado. Sou daqueles que prefere qualidade a quantidade, mesmo que nos momentos de solidão eu acabe amargando um pouco essa escolha. O mais engraçado é que neste momento acabo de ter um dos momentos mais doces que uma amizade pode proporcionar: se sentir verdadeiramente querido, mesmo à distância.

Fiquei tão feliz que quando ao menos percebi, estava com a caixa de texto aberta, escrevendo e através do próprio celular. Para quem estava vivendo dias bem difíceis até pouquíssimo tempo atrás, vejo no horizonte sinais de uma boa reação, mesmo que a passos curtos. Até lá, seguramos a barra.

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Escrito ao som de: Post Malone – Go Flex

Memória fotográfica – o escuro

Estava aqui pensando e percebi que já deve ter uma semana que não compartilho alguns de meus registros fotográficos. 

Confesso que dessa vez não tive um grande motivador para escrever, mas somente a vontade de compartilhar algumas fotos que julgo não se encaixarem em meu feed do Instagram.

Certamente essa será a fotografia mais recente desse post. Tirada a cerca de dois meses, se trata do galpão de armazenamento de cachaças de um pequeno produtor da bebida aqui das redondezas da cidade. Desde pequeno fui muito curioso para conhecer os pormenores da pré fabricação de produtos do nosso cotidiano, e por mais que a cachaça não seja minha bebida favorita, achei sensacional conhecer às instalações de mais uma produção da bebida, a primeira conheci no agreste potiguar, cachaça maravilhosa e com certificação orgânica.

Pois bem, na ocasião os três barris estavam cheios, e a fazenda estava terminando de colher a produção atual. O que fui procurar em uma fazenda como essa? Cachaça obviamente! Mas em doses que certamente dariam para lavar as escadas do Pelourinho.

Foto tirada em Setembro de 2017.

Essa segunda não faz muito sentido à primeira vista, mas adoro ela, porque se trata do resumo de uma noite de bebedeira ao lado de grandes amigos. Bem, não preciso entrar nos detalhes mais constrangedores, mas naquela noite de verão de 2016+1, juntei com alguns companheiros e como de costume colocamos os papos em dia. Algo que não mencionei, foi que só vejo esses amigos a cada seis meses ou um ano, durante às férias que cada um tem em suas respectivas faculdades, fora isso mantemos contato por meio de um grupo naquele famoso aplicativo de mensagens, o verde, sabe.

Devo registrar também que possuo uma certa inclinação para às artes incendiárias, bem como um ou dois de meus amigos.

Foto tirada em Janeiro de 2017

Bom, essa última se trata de um momento bem simples, porém de muita importância para esse que vos escreve. Estava junto de meu pai. Confesso que não tenho muitos momentos de pai e filho com ele, afinal o patriarca de minha família possui a jornada de trabalho mais incessante que já tive notícias. Ele adora a frase “é luta, meu filho”.

Sendo luta, ou não, tenho muito carinho por essa imagem, afinal ela me lembra de uma ocasião em que estávamos resolvendo assuntos da fazenda, somente eu, ele, a chuva caindo lá fora e umas músicas bem ruins tocando na rádio da cidade.

Curiosidade, esse registro foi feito na mesma ocasião em que fotografei aqueles projetos de galináceos, que figuraram nesse blog alguns posts atrás.

Foto tirada em Janeiro de 2017

Nossa, começou a chover bastante aqui na cidade, alguns companheiros de trabalho estão debruçados em volta de um celular, provavelmente se divertindo com o famigerado ‘humor zap zap’. Enquanto isso sigo ouvindo minhas músicas enquanto revivo mais algumas memórias em minha pasta de fotografias.

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Escrito ao som de: Nick Cave – O Children

Sobre digestão de problemas

 A tomada de decisão é um dos dons que definitivamente não tenho.

Tomar boas ou más decisões dependem muito do referencial, afinal qualquer situação é composta por duas faces. Quando olho para trás nesses últimos anos, vejo uma espécie de areia, marcada por minhas pegadas e cheia de tropeços, como se não conseguisse andar em linha reta por muito tempo.

Olhando essas marcas lembro de cada situação, e do quanto precisei me adaptar para continuar andando em frente, mesmo que isso significasse dar um passo para trás, respirar fundo e continuar seguindo.

Muito se aprende com os tropeços, e pensando aqui com meus botões, nesse processo de amadurecimento a parte mais importante está justamente em aprender a digerir toda a situação. Admitir derrota, juntar os frangalhos de orgulho próprio, aprender a se perdoar, identificar os erros e principalmente seguir em frente sem olhar para trás levando apenas o próprio aperfeiçoamento como fruto do passado longínquo.

Acho que esse texto deve estar com uma vibe de autoajuda, melancólica e bem confusa, não é? Peço desculpas, eu acho, mas as coisas andam nebulosas pra minha pessoa, e gosto bastante de compartilhar os reflexos do que se passa comigo aqui nesse espaço que alimento com bastante carinho, apesar da diminuição da frequência dos posts.

Enquanto escrevia o telefone tocou e J, um grande amigo, falou que estava com problemas para finalizar o tcc, afinal estava saturado daquela tarefa árdua, e acabei chegando a conclusão de que todas as vezes que escrevi foi porque usei o que sentia como tinta nessa página em branco.

 

Escrito ao som de: Cabvno – F e e l i n g s