Brisa, mine e teimosia.

Diferente de muitos outros dias, hoje me sinto bem.

Já é corriqueiro começar um texto com esse dizer, mas ‘desde a última vez que vim a esse pequeno espaço, as coisas mudaram tanto’. Também pudera, não é a toa que mudei tanto nos últimos anos, sabe. Sinto uma especie de inquietude muito grande quando olho pra dentro do meu ser e me divido por camadas. Profissional, amorosa, social, física, regional…

Nos últimos tempos uma pessoa entrou em minha vida e acabou me fazendo sentir totalmente pleno com a camada amorosa que me faz parte de mim.

Sabe qual o mais irônico? ‘I.’ Aquela pequena é muito cabeça dura! Acreditam que ela está emburrada porque me recusei a fazer o que mandava? Hahaha adoro essas nossas briguinhas bobas, e sei que ela também gosta.

Quando enviar isso aqui pra ela mesma revisar, certamente vai começar a rir, afinal conheço bem a namorada que tenho. “E não meu amor, esse não é aquele texto enaltecendo todo seu esplendor, que me coagiu a fazer”.

Tem uma brisa tão gostosa entrando pela fresta da janela atrás de mim, lá fora o vizinho ouve um funk bem caricato, aqui dentro ouço “Mine – Bazzi”, e por mais que tenha se transformado em um meme sonoro, gosto bastante da batidinha e fluxo que essa música traz consigo.

(celular vibra)

Mensagem de I. retrucando o porque de ainda não ter feito o que ela mandou.

Respondo que estou escrevendo de bom grado e ouvindo música.

Ainda assim ela bate o pé.

Minha teimosa é uma peça.

Ah, vocês sabem que certamente vou sumir por um bom tempo, mas eventualmente acabarei aparecendo por aqui, até lá, vamos seguindo.

Ah, troquei de emprego e área de atuação, mas isso é conversa pra uma dia que eu estiver triste, por enquanto quero aproveitar a namorada que tenho e nossas brigas de mentirinha que me fazem rir pra caramba.

I, você me da forças.

 

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Meu querido castelo

O relógio marca 06:06. Lembro de um tempo em que meus amigos e eu atribuíamos significados para horários de números repetidos. Chega a ser engraçado lembrar do que passou, afinal me sinto enclausurado no passado, tentando fugir para um futuro que me empurra para trás.

Hoje o meu castelo de papel foi atingido por uma forte chuva de frustração, o que me faz imaginar se não seria o caso de dar um ou três passos para trás. Observo as marcas em minhas mãos e parte de mim admite derrota. “Porque continuar com esse orgulho?” perguntaram-me hoje.

Não é orgulho, mas também é.

É difícil explicar, mas acredito que existe uma vontade profunda em se fazer o bem para aqueles que gostamos/admiramos, sendo assim, posso dizer que parte daí a minha persistência. É vontade de sorrir, meu amigo.

Ultimamente venho notado que demoro cada vez mais para dar o primeiro sorriso do dia e, as vezes, esse permanece escondido por mais de vinte/ trinta e tantas horas. Triste, porém necessário? Ainda não tenho essa resposta.

S, F, I, R, V, estou tentando.

J, D, G, as coisas andam meio turvas, é difícil não se deixar abater.

06:22 e continuo ouvindo músicas de jogos que nunca joguei, mas que representam muito bem o refúgio que um dia chamei de meu. Daquela caixa de sapatos cheia de fitas, aquelas 14”, controles japoneses.

Ontem vieram me perguntar, de um jeito bem estranho, como resolvo meus problemas, e isso me deu uma dor de cabeça. Bem, as cobranças continuam e querendo ou não preciso lidar, ou ao menos tentar. O remédio é muito mais amargo do que eu havia imaginado, talvez devesse ter me preparado de forma melhor.

O amanhã, que tecnicamente já é hoje, me aguarda voraz. Tenho que ir, ouvido?

 

 

 

06:50, tchau.

Hoje (?)

Hoje cedo levantei da cama com uma certeza “se for tão ruim quanto ontem, desisto”

Bem, só eu sei o quanto a vida tem batido forte, mas não leia com tom de vitimismo, afinal estou colhendo os frutos do que plantei, entretanto, o maior problema é que nem sempre estamos prontos para abraçar as consequências de nossas escolhas, por mais que elas sejam de nossa consciência.

É sentado, de pernas cruzadas, debruçado sobre esse teclado, que me pego pensando na versão perfeita que criei de mim mesmo, uma espécie de existência transcendental, inabalável e inalcançável, onde não existe cansaço, insegurança ou pressão social que me alcance. Um verdadeiro Übermensch do século 2000+17.

Porque estou falando disso, algo tão confuso? É que na atual organização das coisas, me pego desapontado comigo mesmo, em não aguentar lidar com as responsabilidades, exigências e compromissos que me são jogados na cara. É como se os desafios de cada dia fizessem redescobrir a minha própria humanidade, frágil, pequena e muito insegura.

Quanto ao meu dia? Bem, digamos que ainda não desisti.

Entretanto devo ressaltar o quanto algumas palavras podem fazer a diferença. Em um mesmo dia levei muitos tapas verbais, que bagunçaram totalmente meu eixo,  e outros que acabaram me fazendo dar mais uma chance, tolerar e tentar de novo.

Certa vez ouvi falar “não generalize seus problemas!”, mas acredito que não seja o caso, afinal todos acabam passando por momentos similares. É a jornada do heróis sendo posta a prova na vida real, onde flertamos com todo tipo de decisão, mas que no fim sempre tentamos de novo, um pouco mais forte.

 

Escrito ao som de:

O réquiem de um dia como qualquer outro

Definitivamente deveria estar dormindo, ou ao menos escutando algo melhor do que a última música do Jaden Smith.

Hoje o dia no trabalho foi deveras cansativo e estressante, como de costume. Tenho cerca de dez dias na empresa e diariamente passo por situações de pura pressão, onde meus nervos são testados do momento que entro, até o minuto que saio. É como se estivessem tentando forjar diamantes ali dentro. O que não acho ruim, mas devo admitir, que o processo é muito penoso.

Sou confeiteiro, em inicio de carreira, mas que ainda assim já penei bastante em minha vida profissional. Acabei arrumando emprego em um lugar grande, com pessoas viajadas ao meu lado, média de idade de 25 anos, boa parte do time é muito comprometido e quem está a nossa frente é uma chef talentosa e muito exigente. Hoje mesmo ela me deu uns três puxões de orelha que doeram no fundo do peito, fora outras ocasiões em que, sem levantar a voz ou xingamento, quase me fez chorar. Exagero? Não! Conversando com amigos de trabalho, chegamos a essa conclusão, afinal todos já haviam passado por isso.

As vezes me pergunto “porque estou aqui?” afinal, existem momentos do meu dia em que questiono todas as decisões que me trouxeram até aqui. Talvez seja uma condição que acompanha o inicio de qualquer carreira, ou pode ser a solidão que me acompanha pelas ruas do Butantã, ou até mesmo o sentimento saudosista que acompanha certos elementos de minha vida que deixei para trás. De qualquer forma, sigo em frente, levando muita pressão e tentando segurar o rojão que eu mesmo inventei de acender.

Antes de ir gostaria de deixar registrado. Estava conversando com uma amiga essa semana, e fui explicar um pouco das dificuldades que todo cozinheiro acaba enfrentando, e não pude deixar de reparar no quanto ela ficou surpresa com o que disse. Amanhã pretendo fazer um post falando um pouco a respeito, acredito que vai resultar em algo legal  : )

No mais, estou indo descansar, amanhã promete tanto quanto hoje.

Escrito ao som de: